Império de Casa Verde apresenta enredo para o Carnaval 2026: “Império dos Balangandãs: Joias Negras Afro-Brasileiras”

Império de Casa Verde apresenta enredo para o Carnaval 2026: “Império dos Balangandãs: Joias Negras Afro-Brasileiras”

A Império de Casa Verde deu o pontapé inicial rumo ao Carnaval 2026 com o anúncio oficial de seu novo enredo. Em evento realizado neste sábado (14), a agremiação revelou o tema que guiará sua próxima apresentação no Sambódromo do Anhembi: “Império dos Balangandãs: Joias Negras Afro-Brasileiras”.

Sob a assinatura do carnavalesco Leandro Barboza, o enredo mergulha nas profundezas da cultura afro-brasileira para exaltar símbolos de resistência, ancestralidade e identidade expressos por meio dos balangandãs – adornos carregados de significado espiritual, histórico e estético, que fazem parte da memória e da tradição do povo negro no Brasil.

Com um olhar sensível e de valorização das raízes africanas, a Império de Casa Verde promete uma verdadeira celebração das joias vivas que são as mulheres negras, suas histórias e seus ornamentos, que resistiram ao tempo e ao preconceito, transformando-se em patrimônio cultural.

A azul e branca será responsável por abrir a segunda noite de desfiles do Grupo Especial, no sábado de Carnaval, dia 14 de fevereiro de 2026, prometendo mais uma vez marcar presença com grandiosidade, beleza e conteúdo.

Carnaval 2025 – Enredo “Império dos Balangandãs: Joias Negras Afro-Brasileiras”. Sob a assinatura do carnavalesco Leandro Barboza

Giram os mundos, rodas se abrem,
da escuridão nasce os primeiros clarões,o grande sopro cósmico anuncia a fênix que faz tudo nascer em fogo, para renascer em ouro.
Giram os mundos, o sopro ancestral explode em ouro cósmico, que aporta em São Salvador.
SALVADOR me chamou. Século XVIII, 1760, Salvador. Salvador me chamou. Eu sou Dona Fulô, a escrava que comprou a liberdade.
Nos idos de 1760, eu e muitas mulheres éramos escravas de ganho. Ganhar era comercializar com tabuleiros de quitutes, peixes, tecidos e turbantes a mando dos senhores brancos. Quando atingíamos o lucro de mando, o valor que passava, ficava em nossos bolsos, ou melhor, em nossos corpos negros.
A gente subvertia a ordem e adornava de ouro nossos corpos negros.
Nos ventos de clandestinidade, procurávamos ourives de axé que, escondidos, faziam joias para nós, mulheres negras que sonhavam em guardar o ganho em joias de adornos. Assim, as joias eram como roupa e o nosso corpo, era como um cofre ancestral que exalava poder e um sonho de liberdade.
Os ourives moldavam nossos corpos com ouro em anéis de talha dourada, figas, pulseiras de placas, argolas que se pareciam com pitangas, braceletes de ouro e outros artefatos mais.
Assim andávamos por Salvador. Negras. Negras douradas.
Nossas joias também eram como amuleto espiritual. Nós pedíamos dos ourives negros, colares de ouro em formato de fio de contas, balangandãs que atraiam sorte, saúde e força. Juntos, são penduricalhos de axé que traziam símbolos como alimentos, correntes, sol, lua, espadas, machados e outros elementos da nossa ancestralidade.
Nossas joias também eram adornadas como acarajés de ouro, bolinhos de fogo que pulsavam como nossa joia-amuleto de corpo, alma e espírito.
Um delírio de emoções explodia na Salvador que eu e muitas outras negras, em busca da liberdade, chamávamos de Salvador do Império das nossas joias negras, as joias das crioulas que queriam viver.

Presidente: Alexandre Furtado | Carnavalesco: Leandro Barboza | Enredista: Tiago Freitas