Com samba inédito e fantasias, Império abre caminho para mais um grande desfile
A quadra da Império de Casa Verde foi tomada pela emoção na noite do último domingo (21). Em clima de grande celebração, a tricampeã do Carnaval paulistano – com títulos em 2005, 2006 e 2016 – apresentou oficialmente o samba-enredo e as fantasias que irão conduzir a escola no próximo desfile.
O evento marcou o início de um novo ciclo carnavalesco, reunindo a comunidade imperiana em apresentações artísticas que reforçaram a tradição e a força da azul e branca.
A principal novidade ficou por conta do time de compositores que assina a obra musical. Pela primeira vez, os sambistas Arlindinho Cruz e Diogo Nogueira se unem ao “Tigre”, dividindo a autoria com nomes já conhecidos do meio carnavalesco: Evandro Bocão, Darlan Alves, Fabiano Sorriso e André Diniz.
No campo visual, o carnavalesco Leandro Barboza revelou uma prévia do espetáculo que ganhará vida no Sambódromo do Anhembi, no dia 14 de fevereiro, quando a escola abrirá os desfiles de sábado. Com o enredo “Império dos Balangandãs: Joias Negras Afro-Brasileiras”, a agremiação promete unir força musical e impacto visual em busca de mais um grande resultado.
Fotos do evento e fantasias clique no link abaixo:
https://www.facebook.com/media/set/?vanity=joao.belli&set=a.23874826075526012
Carnaval 2026
Enredo “Império dos Balangandãs: Joias Negras Afro-Brasileiras”. Sob a assinatura do carnavalesco Leandro Barboza

Giram os mundos, rodas se abrem,
da escuridão nasce os primeiros clarões,o grande sopro cósmico anuncia a fênix que faz tudo nascer em fogo, para renascer em ouro.
Giram os mundos, o sopro ancestral explode em ouro cósmico, que aporta em São Salvador.
SALVADOR me chamou. Século XVIII, 1760, Salvador. Salvador me chamou. Eu sou Dona Fulô, a escrava que comprou a liberdade.
Nos idos de 1760, eu e muitas mulheres éramos escravas de ganho. Ganhar era comercializar com tabuleiros de quitutes, peixes, tecidos e turbantes a mando dos senhores brancos. Quando atingíamos o lucro de mando, o valor que passava, ficava em nossos bolsos, ou melhor, em nossos corpos negros.
A gente subvertia a ordem e adornava de ouro nossos corpos negros.
Nos ventos de clandestinidade, procurávamos ourives de axé que, escondidos, faziam joias para nós, mulheres negras que sonhavam em guardar o ganho em joias de adornos. Assim, as joias eram como roupa e o nosso corpo, era como um cofre ancestral que exalava poder e um sonho de liberdade.
Os ourives moldavam nossos corpos com ouro em anéis de talha dourada, figas, pulseiras de placas, argolas que se pareciam com pitangas, braceletes de ouro e outros artefatos mais.
Assim andávamos por Salvador. Negras. Negras douradas.
Nossas joias também eram como amuleto espiritual. Nós pedíamos dos ourives negros, colares de ouro em formato de fio de contas, balangandãs que atraiam sorte, saúde e força. Juntos, são penduricalhos de axé que traziam símbolos como alimentos, correntes, sol, lua, espadas, machados e outros elementos da nossa ancestralidade.
Nossas joias também eram adornadas como acarajés de ouro, bolinhos de fogo que pulsavam como nossa joia-amuleto de corpo, alma e espírito.
Um delírio de emoções explodia na Salvador que eu e muitas outras negras, em busca da liberdade, chamávamos de Salvador do Império das nossas joias negras, as joias das crioulas que queriam viver.
Presidente: Alexandre Furtado | Carnavalesco: Leandro Barboza | Enredista: Tiago Freitas





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